Sexta, 15 de Agosto de 2025
A Central Única das Favelas (CUFA) e a Favela Holding lançaram o Instituto Central, uma rede cooperativa de pesquisadores focada em produzir dados e análises sobre as favelas brasileiras. O lançamento ocorreu na sede da CUFA no Complexo da Penha, Rio de Janeiro.
Cléo Santana, diretora do projeto, enfatiza a importância de moradores de favelas serem sujeitos ativos na produção científica: “O Instituto Central nasce de uma necessidade urgente: transformar o território em dado, e o dado, em transformação real. Queremos que as pessoas das favelas não sejam apenas objetos de pesquisa, mas sujeitos da produção científica, sócios do conhecimento e cocriadores de soluções”.
A primeira pesquisa do instituto será um estudo inédito com mais de 10 mil pessoas em conflito com a lei em 24 estados. O estudo abordará temas como família, formação, hábitos, cotidiano, consumo, sonhos e perspectivas de futuro, sem focar em criminalidade ou violência.
Geraldo Tadeu, coordenador técnico do projeto, relembra pesquisa anterior com Celso Athaíde em 2007, que ouviu moradores de 101 favelas do Rio de Janeiro por telefone, destacando o ineditismo da iniciativa.
O objetivo é obter uma amostra de 400 pessoas por estado, garantindo representatividade estatística em cada unidade federativa.
Marcus Vinícius Athaíde, gestor do Instituto, ressalta a importância de analisar as favelas sob a perspectiva de mercado, integrando o Instituto Central ao Favela Holding, um grupo de empresas que atuam em diversos segmentos dentro das favelas.
Os gestores enfatizaram que o estudo busca compreender a realidade das pessoas que entram para o crime, promovendo uma escuta humanizada sobre família, consumo, lazer, religião, escolhas, sonhos e cotidiano, sem apologia ou julgamentos.
Celso Athaíde destaca a importância de entrar nos territórios sem preconceitos e aberto à escuta, reconhecendo a dura realidade enfrentada pelas crianças nas favelas.